Criancas comem mais quando ficam tristes e estressadas

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saudeNão é difícil vermos mães que em troca do “bom comportamento” do filho oferecem algo de presente, como forma de recompensa e para se livrarem do aborrecimento que a criança pode causar. E o que elas dão a eles de presente? Um pacote de bolachas ou alguma guloseima que a criança goste.

E se a mãe não retribui com um mimo, o pequeno se zanga, fica estressado e logo começam as birras.

A situação que acontece em muitos lares brasileiros tem fundamento científico. Um estudo recente, realizado pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, revelou que crianças tendem a comer mais quando ficam tristes, especialmente se os pais costumam usar a comida como forma de recompensa.

Durante a pesquisa, três psicólogas dividiram em dois grupos crianças de 5 a 7 anos e prometeram um presente quando concluíssem uma tarefa. No entanto, um dos grupos não recebeu material suficiente para finalizar o trabalho, o que fez com que elas ficassem tristes e devorassem todas as guloseimas que as pesquisadoras haviam deixado na sala.

Se alimentar durante situações de estresse não é uma ação comum do comportamento humano (pelo contrário, quando estamos aborrecidos o mais evidente é a falta de apetite). Por que algumas crianças, nessa situação comem em excesso? Porque provavelmente aprenderam a ter esse comportamento em casa, segundo mostra o estudo.

A psicóloga Bárbara Snezik, especialista em saúde mental, afirma que os pais têm papel fundamental no comportamento da criança quanto à alimentação. E quando recompensam o filho com guloseimas ensinam que o bom comportamento só pode existir quando há algo em troca. “Além de reforçar essa atitude, eles contribuem para formar um adulto obeso e incapaz de lidar com as frustrações da vida”, aponta.

Por trás da compulsão

Que o ato de comer proporciona uma sensação de alegria, principalmente quando se ingere doces, massas ou frituras, todos sabem. Isso acontece porque o nível do neurotransmissor serotonina se eleva no cérebro quando comemos, promovendo o bom humor. Esperta, a criança também vai procurar no alimento uma forma de obter esse contentamento e, aliada à influência dos pais, ganha o agrado.

Mas o que ela realmente quer quando come em excesso? Certamente não é apenas saciar a fome, mas expressar outros sentimentos associados ao hábito. A neuropsicóloga Andréa Aragão diz que crianças acabam comendo demais como resposta às emoções negativas. “Nesses casos, as fontes mais comuns de problemas emocionais podem estar relacionados à escola, ao estresse na família ou a dificuldades na socialização”, cita.

A frustração também pode ser desencadeada quando a criança deseja mais atenção dos pais, principalmente daqueles que ficam fora o dia todo em decorrência do trabalho. Ela usa diversos artifícios para chamar atenção e um deles pode ser o consumo excessivo de alimentos, especialmente de guloseimas, que são geralmente limitadas pelos pais. É nesse momento que o filho recebe atenção, o que acaba reforçando a repetição desse comportamento.

Verificar a frequência e as emoções que aparecem após os episódios de comilança ajuda a entender se o comportamento pode ser modificado apenas por meio da mudança de atitude dos pais ou se é um distúrbio compulsivo. “Quando ela come escondido ou não consegue parar, isso está lhe prejudicando tanto no ganho de peso quando no comportamento social. Aí é melhor investigar as causas”, justifica Bárbara.

Seu filho desconta a tristeza na comida?

Não há nada de errado em ver uma criança chateada ou triste em alguns momentos. Às vezes, ao tentar fazer com que o filho tenha um bom comportamento, os pais reagem de maneira errada. Porém, é preciso ensiná-lo a compreender que o alimento não pode ser usado como forma de dissipar a tristeza. “Eles devem dialogar e incentivá-lo a entender os motivos dos seus sentimentos e como lidar com eles”, sugere Andréa.

Os pais são um modelo e o filho tende a imitar o comportamento deles, mesmo em relação às emoções. Se você sempre reage à birra oferecendo algo em troca, ele provavelmente irá aprender que é mais fácil comer para resolver um problema do que descobrir os motivos da tristeza e enfrentá-la.

Portanto, em vez de mostrar que o valor da troca está em ser recompensado com um presente, incentive-o em programas familiares que não envolvam refeições, demonstre seu afeto com outras formas de carinho e ensine-o a conviver com os momentos de aborrecimento. Essas são formas muito mais motivadoras para a formação da criança, que crescerá e se tornará um adulto que sabe lidar melhor com as frustrações que também aparecerão no seu cotidiano.

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