“Saiba dizer não” relembra apartheid na África do Sul

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“Saiba dizer não” relembra apartheid na África do Sul

Em 16 de junho de 1976, cerca de 20 mil estudantes negros saíam pelas ruas do subúrbio de Joanesburgo em direção ao Estádio de Orlando, no bairro de Soweto, na África do Sul, para um dos maiores símbolos da luta contra o racismo no mundo: o “Levante de Soweto” – um protesto que devastou cerca de 600 jovens e deixou milhares de feridos até o final daquele ano.

Na época, o país seguia o regime de apartheid, em que os brancos tinham os mais diversos privilégios, desde educação de qualidade a cargos de liderança na política.

Esse episódio de dor também marcou o início de uma nova era na história sul-africana. Trinta e nove anos depois, no Dia Nacional da Juventude na África do Sul (16 de junho), mais de 40 mil jovens, simultaneamente em nove províncias, relembraram o apartheid de uma perspectiva diferente no evento “Saiba dizer não” (SDN), promovido pelo Força Jovem Universal (FJU) em Soweto.

A luta hoje já não é mais contra um regime político racista, mas pela realização dos sonhos da nova geração. Durante o SDN, embalados no ritmo popular de hip hop, os participantes também foram atraídos por diferentes performances apresentadas pelos integrantes do FJU, incluindo uma peça teatral sobre o drama da xenofobia (uma espécie de medo de coisas e pessoas estrangeiras), um dos principais problemas que afeta os jovens sul-africanos, seguido do vício das drogas e o suicídio. Dizer “não” para outros preconceitos também foi o objetivo. Hoje eu aprendi a tomar as decisões certas para mudar a minha vida, aprendendo a dizer ‘não’ para a negatividade, bullying, vícios, xenofobia e muitas outras coisas ruins”, afirmou Talia (foto ao lado), participante do evento.

Um grupo de jovens se vestiu com uniformes escolares e dançou as músicas que marcaram a época, em homenagem aos manifestantes de 1976. Também encenaram partes do filme “Sarafina! O Som da Liberdade” (1992, Warner Bros) – inspirado no “Levante de Soweto” – e cantaram a famosa música “Our Father Who Are in Heaven” (“Pai nosso que estais no céu”). As apresentações lembraram que não é somente a liberdade que virá amanhã, mas que tudo depende do que for decidido hoje e das oportunidades aproveitadas no dia a dia.

Sonhe alto

post2“Os privilégios que vocês têm hoje, os jovens de 1976 não tinham. Você deve usar a força e o poder para fazer as escolhas certas, porque ninguém pode escolher por você”, enfatizou o bispo Justice Colidiza, responsável pela Universal no Soweto, na abertura do SDN.

O coordenador do FJU no país, pastor João Santos, destacou que aqueles que não querem ter uma vida de fracassos têm que sonhar alto. “Vocês podem se tornar o que quiserem, mas para isso é preciso mudar suas mentes.”

O evento contou também com a participação de Siviwe Mpengesi, presidente do Chippa United, time de futebol que, unido ao FJU, vem descobrindo talentos. Mpengensi motivou os jovens a não desistirem dos sonhos, a exemplo de sua própria história, marcada por conquistas alcançadas depois de perseverar nas reuniões da Universal.

Ao fim do dia, a juventude orou em prol dos sonhos e fez um compromisso pessoal de ter garra e perseverança para mudar de vida.

O SDN foi além das minhas expecativas. Eu saio do evento sabendo que tenho força para dizer ‘não’ a todo tipo de influência por parte dos meus amigos e pessoas da minha comunidade”, ressaltou a jovem Nompumelelo.

Os jovens de 1976 fizeram a sua parte, deixando para hoje, 39 anos depois, um exemplo a ser seguido e escrevendo uma nova história. Façam o mesmo”, finalizou o bispo Justice.

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