Como devo lutar pelos afastados?

buscava a Deus, um espírito maligno, uma vida plena,

afastadosA primeira atitude que uma mãe, uma esposa, um pai, um marido pode ter quando um ente querido sai da igreja por qualquer razão (magoado com alguém ou algo, por exemplo) é não criticá-lo e deixá-lo à vontade. A fé é algo muito pessoal, assim como a vida espiritual.

Mas voltemos ao princípio de tudo. Em um primeiro momento, quando a pessoa sai da igreja com mágoa, ódio ou outra fraqueza espiritual qualquer – relacionou-se com alguém fora do casamento ou teve relações antes mesmo de se casar, por exemplo –, duas situações podem acontecer.

Se a pessoa cometeu um erro, ela sai com vergonha de voltar e ser criticada, de como será vista pelas outras pessoas da igreja. Se sai chateada com alguém, tem uma sensação que, a princípio, parece de liberdade. Algo como “não estou mais na igreja, sou dono (a) da minha vida”. Se for um obreiro que saiu, a impressão é de que “ninguém vai mais impor regras sobre mim, me disciplinar.”

É como o filho pródigo, cuja história vemos na parábola bíblica. Ele saiu da casa de seu pai com essa falsa sensação de liberdade, com mulheres, facilidades. Parecia que tinha tomado uma excelente decisão. Porém, o tempo foi passando e ele chegou ao ponto de dividir a comida com porcos. Assim também é o afastado da igreja.

Primeira atitude

Portanto, quem fica não deve criticar essas pessoas no princípio.

O que deve ser feito, então? Orar. Internamente, nos bastidores, nas madrugadas, ore, peça a Deus por aquela pessoa, clame por ela, mas nunca se torne seu inimigo. Ponha-se à disposição dela como amigo, mesmo nos momentos difíceis daquela vida que ela está tendo “lá fora”. Mostre que a porta está aberta. Que nunca é tarde para que ela volte. Porém, há fases desse processo que você deve respeitar.

Foco certo

Quem segue na fé pode passar pelo “deserto”. Por exemplo: uma mulher cujo marido saiu da igreja e vive provocando-a, tentando convencê-la a sair também. Essa esposa vive o tal deserto, uma tribulação, um momento de provação. Ela precisa buscar Deus, desconcentrar-se do esposo que saiu e concentrar suas forças em si.

E o afastado? Deixe-o lá da maneira como ele quiser e volte-se para o Senhor Jesus. Com oração, jejum, busca. Agarre-se a Ele mais do que vinha se agarrando antes. Porque nesse momento, se o diabo conseguiu levar a alma de quem se afastou, logo vai querer levar a sua também.

Não ponha o foco na pessoa afastada ou na situação. Foque em si, volte à prática das primeiras obras. Você buscava a Deus de madrugada, de manhã, à tarde, à noite e não busca mais? Volte e busque. Jejuava e parou? Volte a jejuar. O foco deve ser sua própria vida espiritual.

Cegueira espiritual

A primeira coisa que acontece quando alguém se afasta de Deus é o que aconteceu com Sansão. Ele era um homem com uma força descomunal, mas se entregou ao sentimentalismo e acabou por quebrar um voto que fez com Deus. Eis que os inimigos chegaram. Eles não quebraram uma perna de Sansão ou um braço, mas furaram seus olhos.

E aqueles que se afastam de Deus também têm seus olhos espirituais furados. Seu entendimento fica cego de tal forma que troca o certo pelo errado. O que sempre enxergou como incorreto passa a considerar correto. Dessa forma, enquanto essa pessoa estiver na cegueira espiritual, não adiantará falar “volte para a igreja”. A resposta será: “de jeito nenhum.”

Assim, quem está dentro da igreja não pode ver aquele afastamento como pessoal, mas como espiritual. Não se explica humanamente o fato de a pessoa estar sempre na igreja, vivendo a fé e, de repente, ficar contra tudo aquilo que ela viveu o tempo todo em que esteve ali. Também aparentemente sem razão, ela ficará contra as pessoas que a amaram todo esse tempo, que a acolheram e deram apoio quando ela mais precisou ao chegar. Terá até ódio delas, pois foi um espírito maligno que fez isso com ela. Está sendo bombardeada por esses demônios, não é nada pessoal.

A hora de chamar

Mas chegará para o afastado o momento ruim, a depressão, a angústia, o vazio, o buraco na alma, quando ele olhará para o lado e não verá ninguém que possa ajudá-lo. É ali que ele se lembrará de como era antes de se afastar. Esse é o momento de chamá-lo de volta.

Então, em resumo, logo que o indivíduo sai, não é bom que o ente querido cobre imediatamente a volta dele. Quem resolveu sair e viver no mundo lá fora tem que notar a diferença sozinho.

Sempre que faço um resgate, pergunto à pessoa quem ela era vivendo a fé e quem ela é naquele momento, no agora. Vai chegar a hora em que ela vai lembrar de como era com Deus lá atrás, firme, e confrontar com a realidade atual em que está, longe do Senhor Jesus. É só quando ela chega a esse ponto que é hora de alguém convidá-la a voltar.

A partir disso, entenda melhor a estratégia. Foi por saber como agir que muitos puderam resgatar os seus para o retorno a uma vida plena, chamados na hora certa por aqueles que os amam de verdade.

(*)Sergio Corrêa é o bispo responsável pelo trabalho dos obreiros em todo o Brasil

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