A decepção de uma filha…

a força necessária, acerca do meu passado, Não podia olhar,

A decepção de uma filha...

“Eu estava acostumada a ser rodeada pela família. Nós éramos tão unidos que os maus entendimentos eram resolvidos rapidamente. Parecíamos “ser” a família perfeita. Lembro-me como se fosse ontem, de um dia para outro o meu pai já não ficava conosco nos fins de semana.

Pensamos que só aconteceria de vez em quando, mas tornou-se uma rotina; ele saía na sexta-feira e voltava só no domingo. Ouvir os meus pais a gritar um com o outro era algo novo para mim, eu estava com medo, chocada e completamente confusa, mas quando as brigas se tornaram físicas fiquei sem palavras.

Horrorizada com o que estava a presenciar, comecei a odiar o meu pai. Esse ódio cresceu especialmente quando minha mãe teve que ir para as emergências por causa dele. Com o passar dos anos, o meu pai foi apanhado por tudo o que ele fez. Ele tornou-se extremamente doente e eu, sua princesa, nem senti nenhum remorso em querer vê-lo morto. A frustração tinha se acumulado. Ver a minha mãe ter que trabalhar horas extraordinárias, me deixava furiosa contra o meu pai. A minha mãe fazia tudo e ele nada, que vergonha! O que estava prestes a acontecer, ninguém esperava…

O meu pai começou a me bater de vez em quando. No começo, foi muito doloroso, mas gradualmente me acostumei. Tornei-me insensível a tudo. Eu não via a razão de viver, com isso tudo à minha volta o ódio e rancor contra o meu pai acumulou-se cada vez mais que já nem o considerava uma parte da minha vida.

Quando a minha mãe decidiu ir para Londres em busca de uma vida melhor para nós, ela me deixou aos cuidados do meu pai! Sim o meu pai… eu nem acreditei. Não podia olhar para ele. Os pensamentos sobre o que aconteceu me atormentavam. Eu já não era a sua princesa pequena; ele me dava nojo. Precisava de encontrar uma maneira de esquecer o que aconteceu e então comecei a passar muito mais tempo fora, em boates e a tentar me divertir, mas continuava aquela menina trancada e de coração partido. Embora ser essa menina rebelde sem cuidado no mundo, quando chegava em casa à noite, era sempre a mesma velha rotina.

Trancava a porta do meu quarto, caia de joelhos e derramava lágrimas de raiva, amargura e desgosto. Foi quando eu quis me matar. Peguei uma faca e ao tentar cortar os meus pulsos, algo me impediu. Eu queria, mas não conseguia. Então deixei a faca cair e forcei-me a dormir.

Dentro de um mês, a minha mãe decidiu me levar para Londres para viver com ela. O alívio que senti foi incrível. Obviamente, era inundada de pensamentos negativos acerca do meu passado. A minha mãe levou-me com ela a uma das reuniões no Centro de Ajuda, mas pareceu não surtir resultados. Aos meus olhos, nada poderia curar a minha dor…Pela perseverança da minha mãe, eu continuei a frequentar o Centro de Ajuda. Todas as vezes que eu ia, ouvia os argumentos inteligentes que me faziam pensar na minha vida e que talvez eu poderia ser curada de tudo.

Decidi colocar Deus à prova. Não tinha nada a perder. Ou eu continuava com a dor ou colocava um fim e seguia em frente com a minha vida.

Comecei a participar nas Correntes de Oração às sextas-feiras para ficar livre de todo o rancor, ódio e raiva que eu tinha dentro de mim e aos domingos, para receber a força necessária para seguir em frente. Comecei a ver mudanças positivas.

Foi uma batalha interna, mas lutei contra todos os meus sentimentos e finalmente perdoei o meu pai por tudo o que ele tinha feito. Hoje eu sou feliz e tenho uma paz interior muito grande.

Shanice Peña

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