Vivendo sob influência

a nossa cultura, decisão de participar, tipo de liberdade,

 

Vivendo sob influênciaEu cresci numa cultura onde ter filhos do sexo masculino era algo que significava muito. Então, quando eu nasci, o meu pai tratava-me como se eu fosse um rapaz. Eu ria-me, como se isso não me afectasse, porém, com o tempo, isso começou a afectar-me emocionalmente. Eu tornei-me uma “maria-rapaz” que gostava de usar calças largas e fatos de treino.

Desenvolvi complexos, questionando-me porque é que eu tinha nascido mulher. Sentia-me inadequada e indesejada. Para piorar a minha triste realidade, existiam muitos problemas entre a minha mãe e o meu pai, uma vez que o casamento deles foi algo arranjado.

Não havia compatibilidade entre eles e o relacionamento deles era muito tenso. Aos meus 8 anos de idade ele saiu de casa. Eu fui viver com a minha mãe e o seu novo namorado em Birmingham, o que era insuportável. Ele era de outra religião, a nossa cultura era diferente e ele era 11 anos mais novo do que a minha mãe. A presença dele fazia o meu sangue ferver.

Eu andava sempre a passear com os amigos, sem qualquer destino. Consequentemente, eu faltava muito às aulas, o que significa que não tive uma boa formação. Sempre que o meu padrasto me fazia alguma pergunta e se eu respondesse de forma incorreta, ele perdia o controle e batia-me, dando-me socos e pontapés.

Ele quase me deixava inconsciente. Devido a isso, eu desenvolvi um rancor contra ele e minha mãe. Na minha opinião, foi ela que o trouxe para a nossa casa, portanto, ela era responsável por tudo o que estava a acontecer comigo. Aos 14 anos, tudo na minha vida começou a piorar. Foi diagnosticado na minha mãe um câncro e eu não queria ser um peso para ela. Eu precisava de ir embora. Qualquer adolescente vai à loucura com esse tipo de liberdade e isso foi exatamente o que eu fiz.

Eu tinha uma amiga que me apresentou a um novo estilo de vida repleto de drogas, álcool e rapazes. Com o tempo eu comecei a ficar viciada na maconha. Tornei-me, extremamente, dependente disso, ao ponto de não conseguir ficar concentrada sem fumar. A maconha levou-me para um mundo de onde eu não queria sair. Eu queria esquecer a minha vida e ultrapassar a raiva que sentia pela minha mãe por ter colocado o meu padrasto dentro de casa.

Quando eu não tinha dinheiro para alimentar o meu vício, eu ficava, completamente, frenética e inquieta. Algum tempo depois, eu decidi reconciliar-me com a minha mãe. Eu estava a ficar mais velha e queria um pouco de descanso. Mas a nossa relação foi interrompida por uma doença terminal.

Um dia, recebi um telefonema e disseram-me que a minha mãe tinha sido levada para o hospital, pois a sua saúde estava a deteriorar-se. Fui informada que a minha mãe tinha apenas 24h de vida. Eu fui deixada. Eu fui inundada por um sentimento de remorso por ter desperdiçado anos da minha vida sem falar com a minha mãe. Eu estava com raiva de mim mesma por não ter construido um relacionamento com ela muito mais cedo. Por querer viver a minha vida e fazer minhas próprias coisas, eu perdi o lado bom de uma relação entre mãe e filha.

No pouco tempo que estive com ela, percebi que tudo o que ela queria fazer era estar lá para mim. Quando a minha mãe morreu, eu isolei-me de todos os meus amigos e familiares e terminei o namoro com o meu namorado, eu estava desolada. Eu queria ficar sozinha. Eu busquei ajuda em diferentes religiões, mas eu não encontrava saída e a minha vida só estava a afundar-se cada vez mais num buraco profundo. Comecei a acreditar que Deus não existia.

“Se Ele existe, porque é que a minha vida está deste jeito?” – questionava-me. Sentia-me como se não tivesse ninguém a quem recorrer, chegava até a pensar em suicídio. Esse pensamento atormentava a minha mente, mas eu não tinha coragem de fazê-lo. Um dia eu estava sentada na rua a fumar, perguntando-me o que iria fazer com a minha vida. Alguém aproximou-se de mim e convidou-me para o Centro de Ajuda. Eu fiquei perplexa.

Eles explicaram-me do que o Centro de Ajuda se tratava. Convidaram-me a entrar e eu pensei comigo mesma: “O que tenho a perder?” Eu estava vestida com um casaco, capuz, calças compridas e ténis. Parecia que ia lá para roubar. Quando eu entrei, dentro de mim havia uma voz que dizia para não acreditar. Depois de ter ido a outros lugares, onde me foi dito que a minha vida iria mudar e nada aconteceu, eu fechei-me.

Fiquei surpresa com a forma como fui recebida. As pessoas eram simpáticas e não me julgavam. Um conselheiro espiritual veio até mim e aconselhou-me. Sem julgamento, sem rejeição, apenas falou a verdade para o meu bem. Eu tive que resistir às tentações e, firmemente, recusei-me a voltar aos meus antigos caminhos.

Os conselheiros espirituais sempre estiveram comigo nessa caminhada. Quando eu sentia vontade de desistir eles davam-me uma palavra de encorajamento. Eu aprendi que, para haver uma transformação na minha vida eu teria de colocar a minha fé, totalmente, em Deus. A Campanha de Israel foi anunciada e ensinaram que, é a partir de uma decisão que

a nossa vida se pode transformar. Ao ouvir os testemunhos, eu tomei a decisão de participar dessa Campanha. Por um bom periodo de tempo, eu preparei o meu voto, fazendo coisas que eu nunca tinha feito antes. Eu participei de muitos propósitos de fé e Correntes de Oração, porque eu queria que Deus visse a minha entrega total a Ele. Eu confiei nEle com a minha vida e foi assim que eu fui para o altar, com toda a minha vida. Quando apresentei o meu voto sobre o altar, eu tive a certeza de que a minha vida iria mudar. Eu não sei como, mas eu confiava nEle.

Depois de mais de 10 anos de ser viciada em maconha e álcool e viver a vida de forma imprudente, eu já não sou dependente da maconha e minha vida está a desenvolver. Eu não sou aquela pessoa repleta de raiva. Eu tenho um trabalho sólido como chefe de cozinha. Eu amo cozinhar e tenho planos de abrir o meu próprio negócio! Em primeiro lugar agradeço a Deus por me dar forças e ao Centro de Ajuda pela sua ajuda constante. Hoje, eu sou o que sou graças a Deus e ao Centro de Ajuda.

Shannon Thesinger

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