
O jejum, como descrito na Bíblia, é uma prática de abstinência alimentar para fins espirituais. Não é apenas um ato de abnegação, mas uma maneira pela qual as pessoas buscam se aproximar e aprofundar seu relacionamento com Deus.
O jejum pode envolver a abstinência parcial ou total de alimentos. Por exemplo, Jesus ficou sem comer por 40 dias no deserto (Lucas 4:2). O jejum permite que o espírito da pessoa se desapegue dos desejos físicos e se concentre mais plenamente em um relacionamento pessoal com Deus, que é Espírito.
A Bíblia também registra exemplos de jejuns totais — ocasiões em que as pessoas se abstinham de tudo (comida e bebida). Um exemplo notável pode ser visto na vida de Moisés. Enquanto estava no Monte Sinai, ele permaneceu com o Senhor por 40 dias e 40 noites, sem comer pão nem beber água. Durante esse tempo, ele recebeu e escreveu os Dez Mandamentos (Êxodo 34:28).
De acordo com a Bíblia, o jejum é significativo por vários motivos:
1. Humildade e Dependência: O jejum nos ajuda a nos humilhar diante de Deus, reconhecendo nossa total dependência dEle para todas as coisas e nossa necessidade de Sua provisão.
2. Buscando Orientação e Direção: Em tempos de incerteza ou quando buscamos a vontade de Deus, o jejum pode ser uma maneira de buscar clareza e direção. Ao deixarmos de lado as necessidades físicas, podemos nos concentrar mais intensamente na voz de Deus.
3. Expressando Arrependimento e Tristeza: O jejum pode ser uma resposta natural à tristeza. Também pode ser uma maneira de expressar arrependimento pelos pecados, demonstrando um desejo sincero de voltar para Deus.
4. Batalha Espiritual: O jejum pode ser uma maneira de se engajar na batalha espiritual, buscando o poder de Deus para vencer o mal.
5. Resistindo à Tentação: O jejum pode ajudar as pessoas a resistir à tentação, enfraquecendo o domínio dos desejos físicos e alinhando sua vontade com a de Deus.
O próprio Jesus jejuou por 40 dias no deserto, preparando-se para o Seu ministério e resistindo às tentações de Lúcifer.
6. Buscando Libertação e Proteção: O jejum pode ser um meio de buscar a intervenção de Deus em circunstâncias difíceis, seja para libertação pessoal ou para a proteção de outros.
7. Fortalecendo nossa Vida Espiritual: Praticar o jejum e a oração aguça nosso foco espiritual. Ao combinar abnegação com a oração, podemos experimentar uma conexão mais profunda com Deus.
Daniel foi outro exemplo de alguém que jejuou com intenção. O jejum de Daniel era uma forma de se humilhar diante de Deus e buscar Sua orientação e intervenção. O livro de Daniel descreve esse período como de luto e oração, destacando a profunda preocupação de Daniel por seu povo e seu desejo de compreender o plano de Deus para eles. Por três semanas (21 dias), ele se absteve de comidas agradáveis, carne e vinho, em um ato deliberado de buscar a Deus por meio da oração e do jejum.
O Papel do Jejum e da Oração
Quando oramos, falamos com Deus. Oração e jejum andam de mãos dadas.
Aqui estão alguns exemplos de pessoas na Bíblia que jejuaram e oraram. O primeiro capítulo de Neemias descreve Neemias orando e jejuando, devido à sua profunda angústia com a notícia de que Jerusalém havia sido deixada em ruínas. Davi orou e jejuou por seu filho doente (2 Samuel 12:16), chorando diante do Senhor em intercessão (vv. 21-22). Ester instou Mordecai e os judeus a jejuarem por ela, pois planejava comparecer perante o rei (Ester 4:16). Em Marcos, capítulo 9, Jesus libertou um menino de um espírito imundo. Os discípulos tentaram, sem sucesso, libertá-lo, apesar de já terem recebido autoridade sobre tais espíritos (Marcos 6:7). Mais tarde, perguntaram a Jesus por que não conseguiam fazê-lo, e Ele respondeu: “ Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” (Marcos 9:29). Isso mostra que nem todas as situações da vida podem ser tratadas com a mesma abordagem — algumas exigem um grau maior de oração e humildade.