Silenciada pelo sofrimento

da minha família, Presença de Deus, um filho maravilhoso,

Silenciada pelo sofrimento

A única imagem que vinha em mente era dos maus tratos que vivi, sentia necessidade de fazer a pessoa o que foi feito a mim. Eu batia nas pessoas com a intenção de realmente magoa-las. Era preciso cerca de sete homens para me imobilizar, só então eu voltava ao meu estado normal. Depois de tudo, eu carregava o sentimento de remorso.

Era muito difícil ver o estado em que eu deixava a pessoa, e crer que foi realmente eu quem fez todos aqueles estragos destorcia o meu coração. Mas nem o remorso me impedia de voltar a fazer a mesma coisa. Quando tinha 12 anos meu pai tentou me violentar me tornando uma pessoa revoltada.

Fui retirada dos meus pais por ordem judicial. A pior memória que eu tenho é de ser levada para um orfanato apenas com as roupas que tinha vestidas. Fiquei longe dos meus pais e da minha família, o que me tornou uma pessoa ainda pior.

Foi quando a minha mãe levou-me ao Centro de Ajuda pela primeira vez. Me juntei ao Grupo Jovem e fui liberta do mal que me fazia ser violenta, no Centro de Ajuda eu encontrei tudo o que eu precisava e procurava há anos, paz, amor e felicidade. Deixei de ser interna no orfanato e aos 18 anos, como resposta de uma Campanha de Israel.

Conheci o meu esposo no Centro de Ajuda, nós gostávamos muito um do outro, namoramos e nos casamos no ano a seguir. Ambos passamos a ajudar outras pessoas no Centro de Ajuda, tudo corria bem até ele descobrir que eu tinha engravidado. Ele afastou-se da presença de Deus e eu continuei a seguir a minha fé, mas a vergonha que sentia era muita. Na minha mente, eu estava a lutar sozinha e por isso não aguentei, perdi as forças de lutar por mim mesma e pelo nosso amor.

Ele começou a beber excessivamente e agredia-me verbalmente. Ele não me valorizava e chegou a dizer que não me amava. Nos separávamos, voltávamos e nada melhorava, foram tempos de muito sofrimento, indecisão e humilhação.

Eu vivi tudo aquilo sem contar a ninguém, mesmo sabendo que podia contar com alguém no Centro de Ajuda. Mudamos para Londres, e no espaço de um ano e meio ambos nos envolvemos nas drogas. Usávamos uma das drogas mais fortes que existe conhecida como ‘meta’ (metamina) uma droga muito potente e altamente viciante composta por cristais. Conscientes dos estragos que aquele vício causava em nós como família e individualmente, nós tentamos parar.

Ficávamos algum tempo sem usar mas logo em seguida havia uma recaída, se não fosse eu, era ele… aquilo parecia ser um ciclo inquebrável. Lembro-me do dia em que prometi ao meu esposo que não voltaria a cheirar e naquela mesma madrugada, eu passei a noite toda em claro, a cheirar pelo prazer e a chorar pelo remoço de quebrar a promessa.

Eu até tentei engana-lo mas ele não acreditou em mim. Aquele seria o nosso fim se não conhecêssemos o Centro de Ajuda. Foi lá que conversei com os conselheiros e pela primeira vez abri o meu coração sobre o que se passava. Fui orientada sem ser julgada.

As sessões de sexta-feira onde fazemos o uso da fé contra forças negativas foram essenciais para nós. Nos dedicamos a frequentar também outras sessões como ao Domingo de manhã com todas as nossas forças. Isto porque queríamos ser livres do mal, e preenchidos da vida nova que Deus tinha para nós. E desde então a nossa vida começou a mudar.

Hoje somos completamente diferentes. Nós já não dependemos de drogas, eu estou livre da depressão, temos um filho maravilhoso que hoje vê um bom exemplo em nós. Finalmente somos uma família feliz e unida.

Rute Gomes

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